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domingo, abril 09, 2006


ALBERTO FRANCISCO DO CARMO (In Memoriam)

O belorizontino Alberto Francisco do Carmo foi um dos principais militantes da história da Ufologia brasileira, tanto como pesquisador, quanto como autor e artista plástico ilustrador. Participou do grupo pioneiro na Ufologia de Minas Gerais, o CICOANI de Belo Horizonte, dirigido pelo ufólogo mineiro Húlvio Brant Aleixo. Em seu currículo profissional, era Técnico em Assuntos Educacionais do IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). Graduou-se em Licenciatura em Física. Além disto, tinha habilitações como radialista, artista (diretor, iluminador e cenógrafo) e técnico em espetáculos (operador de luz, sonoplasta e diretor de produção). Estudou Belas Artes na Escola Guignard, tendo sido aluno de Herculano, Yara Tupynambá, Inimá de Paula, Alberto de Castro e Lisete Meinberg, entre outros. Como artista plástico, ilustrou e recompôs diversos casos clássicos da Ufologia brasileira, tendo pesquisado a fundo os meandros de muitos deles. Prepara agora, um inédito trabalho sobre a FAB e os os OVNIs o que inclui uma visão diferenciada da Operação Prato, no qual pretende mostrar novos dados, incluindo seu estudo sobre algumas fotos da citada operação que se encontram em seu poder (claro, as cópias!). Muito mais que um simples ufologista, Do Carmo já escreveu vários artigos sobre temáticas diversificadas para distintas publicações, a nível nacional e internacional. Como radialista produziu programas sobre MPB, dos quais participou a nata da música popular brasileira. Eventualmente, em Brasília, ainda atuava como co-entrevistador convidado. Do Carmo acompanhava a Ufologia brasileira há mais de 6 décadas, teve trabalhos publicados em veículos nacionais e internacionais, além de participações em tevê, jornais e Internet. Tudo isso lhe trouxe diversos amigos, mas também desafetos. Metódico, seu trabalho, seja na ilustração como literatura tem como marca registrada o denodo e a naturalidade. Foi um dos mais dedicados colaboradores do jornal Ufo-lógico, veículo editado em Belo Horizonte pela equipe da AMPEU e colaboradores, o qual foi precursor de um formato de informação ufológica que ainda vigora até os dias de hoje no Brasil. Fascinado por aviação, além de uma verdadeira aula de Ufologia brasileira, ele nos fala um pouco do belo trabalho da Embraer que tem emplacado os aviões brasileiros em diversos países. Nesta entrevista concedida com exclusividade a UFOVIA, via e-mail, o intrépido Alberto do Carmo se mostra muito bem consigo mesmo e com a Ufologia atual. Sagaz, desprendido, educado, - mas como sempre, sem muitas papas na língua -, ele nos dá mostra de refinado bom humor e bom senso. Através do espaço cibernético Brasília-Itaúna, nos chegaram muitas de suas convicções: quanto à sua militância na Ufologia; os trabalhos pioneiros do CICOANI; a fantástica noite de 24/11/70, quando BH se viu rodeada de discos voadores; o SIOANI; a Operação Prato; a morte de Hollanda; Caso da Gávea; a arte na Ufologia, além de fazer suas considerações da Ufologia brasileira contemporânea, dentre outras. Como todo bom mineiro, o Do Carmo é bom de causos e sabe de muitos casos... Espirituoso, chega a nos levar às literais gargalhadas numa de suas narrações, como também nos faz rir bastante noutras. Porém, antes de tudo, ele é mestre na arte de falar das coisas sérias; sabe fazer rir, sim, mas sabe também nos fazer refletir e até concluir, em muitas das vezes, o óbvio! UFOVIA: Alberto, para começar a típica pergunta: onde e quando a Ufologia entrou para a sua vida? Alberto do Carmo: Eu diria que a Ufologia veio a mim. Eu tinha 12 anos, já sabia o que era avião (era aeromodelista) e disco-voador. Estávamos na “onda” de 1954 e eu acompanhava até um programa da Rádio Guarani, de Belo Horizonte, que se chamava Mistérios do Firmamento. O Dr. Heros Campos Jardim, apresentava o programa e nele soube pela primeira vez da existência de Húlvio Brant Aleixo, na época ex-aviador. E soube que ele fundara o CICOANI. Aí o inesperado. Certa noite (tenho essa data, mas nunca lembro) eu estava decorando Latim para uma prova, usando um quarto dos fundos do apartamento de meus pais. Meus pais haviam saído e estávamos eu e uma empregada, esta lá para dentro, escutando novelas no rádio. Eu fui para o quarto dos fundos para evitar o barulho da novela em ondas curtas, que chiava horrivelmente. À certa altura fiz uma pausa. Cheguei à porta do quarto e dei aquela espreguiçada, pensando em tomar um pouco de água, garganta seca devido a ficar falando as declinações em voz alta. Quando levantei a cabeça, vi contra o céu estrelado uma bolinha amarela, muito pequena, mas sem lampejos. Já de espírito prevenido, pensei: testemunha! E gritei pela empregada que já chegou com o objeto amarelado deslocando-se alto perpendicular à avenida Santos Dumont. Parou sobre o Colégio Batista a uns 30° acima do horizonte. Ficou vermelho-cereja mas em seguida, iniciou uma trajetória reta e rápida para a direita e fez um looping em velocidade alucinante e disparou no rumo da Serra do Curral. Eu fiquei estupefato, pois avião nenhum, de 1954 a hoje em dia, não conseguiria nem poderia fazer isto. Acrobacias assim, à noite, são proibidas, até hoje. Ademais, qualquer avião do mundo, seja ele qual for tem de ter as famosas luzes padrão, verde (asa direita) vermelha (asa esquerda), além das luzes de navegação. Todo amarelo e todo vermelho, nem ontem nem hoje, nunca! Foi meu batismo de fogo. Chamei o Húlvio. Ele veio e tomou meu depoimento e da empregada. Foi o começo de uma longa associação. Éramos um bando de entusiastas. Na equipe do CICOANI produziu principalmente retratos falados. Depois de estudar um famoso caso de contatados, que chamou atenção até J.Allen Hynek, interessou-se vivamente pela questão. Decifrou o famoso enigma "Wolf 424" do caso UMMO e acha que todo contatado deveria ser assistido (além de ser interrogado seguido pelo famoso "é ou não é") para não se dar mal na vida. Faleceu aos 78 anos, em Brasília, no dia 29 de Dezembro de 2020.
 

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